segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

RISCO CALCULADO

 

 

Amanhã estarei embarcando de São Paulo para Recife mais uma vez para rever parentes e amigos. Já fui tantas vezes que já não sinto emoção. Piloto minha vida como se pilotasse um Boeing, ou seja, furando as nuvens e suportando as turbulências.

Graças às bengalas, entro antes de todo mundo e ocupo as primeiras cadeiras; na hora de sair, só depois que todos se foram. Haja paciência, que tenho pra dar e vender. Afinal, ao prestar o serviço militar, na Base Aérea do Recife, voei em todos os tipos de avião, que avançavam sobre o mar de Piedade.

O maior suspense era quando o piloto desligava um dos motores para testar. Em seguida, repetia o teste com os outros.

Mal comparando, quando comecei a vida eu tinha quatro motores e sobrevoava até o Atlântico. Na infância, atravessa o rio Ipojuca a nado, nos trechos mais largos, em Gravatá. Agora, mal atravesso a rua, com duas bengalas ou com a ajuda de um ombro amigo.

Assim, voltar a Pernambuco é um risco e um prazer incalculável. Seja o que Deus quiser.

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