Amanhã estarei embarcando
de São Paulo para Recife mais uma vez para rever parentes e amigos. Já fui
tantas vezes que já não sinto emoção. Piloto minha vida como se pilotasse um Boeing,
ou seja, furando as nuvens e suportando as turbulências.
Graças às bengalas, entro
antes de todo mundo e ocupo as primeiras cadeiras; na hora de sair, só depois
que todos se foram. Haja paciência, que tenho pra dar e vender. Afinal, ao
prestar o serviço militar, na Base Aérea do Recife, voei em todos os tipos de
avião, que avançavam sobre o mar de Piedade.
O maior suspense era
quando o piloto desligava um dos motores para testar. Em seguida, repetia o
teste com os outros.
Mal comparando, quando
comecei a vida eu tinha quatro motores e sobrevoava até o Atlântico. Na
infância, atravessa o rio Ipojuca a nado, nos trechos mais largos, em Gravatá. Agora,
mal atravesso a rua, com duas bengalas ou com a ajuda de um ombro amigo.
Assim, voltar a Pernambuco
é um risco e um prazer incalculável. Seja o que Deus quiser.